Etapas de um desenho
Olá! Neste breve texto darei algumas dicas que podem ajudar a nortear o seu processo de construção de uma perspectiva. Para tanto vou usar as imagens do passo a passo de um dos exercícios que apliquei em 2018 nas minhas turmas de desenho. Trata-se da perspectiva de uma residência inspirada no projeto da Casa Solar da Serra da 3.4 Arquitetura. O processo mostrado aqui não é único, mas poderá ser aplicado ou servir de base a qualquer situação inclusive as de desenho de observação. Este desenho foi feito com meios digitais. Usei um iPad Pro de 10,5", a Apple Pencil e o aplicativo Procreate, mas o processo foi por meio de técnicas analógicas como vocês poderão perceber.
Então vamos lá! De uma forma geral e bastante objetiva, recomendo dividir um desenho nas seguintes etapas:
1. Esboço linear volumétrico.
É muito comum o desenhista iniciante ficar ansioso querendo ver o resultado final. Não se precipite. Recomendo inicialmente preparar um estudo básico com volumes simples como mostrado nas imagens abaixo. Percebam que todos os elementos (árvores, pessoas, edifícios etc) são tratados como elementos geométricos (linhas, volumes, arcos e outros). Desta forma você poderá se concentrar com mais facilidade na determinação das proporções, da perspectiva e da composição da cena. Passe mais tempo nessa etapa pois um erro aqui poderá prejudicar o restante do processo.
Como vocês podem perceber optei por usar uma perspectiva de dois pontos de fuga principais. Sobre isso gostaria de de abrir um parêntese e fazer algumas considerações.
A maioria dos livros, professores e desenhistas classifica as perspectivas como sendo de UM PONTO DE FUGA, de DOIS PONTOS DE FUGA ou de TRÊS PONTOS DE FUGA. Acho necessário esclarecer que essa classificação tem muito mais relação como a técnica de montagem do que com a realidade de uma cena em perspectiva cônica. A quantidade de pontos de fuga de um desenho, na verdade, depende de como os objetos da cena se comportam em relação ao plano de quadro.
Tentando explicar de uma forma bastante simples, tente imaginar que você está fotografando um edifício com seu celular. O plano de quadro será, aproximadamente, a tela de seu telefone. Imagine agora como as arestas do prédio estão posicionadas em relação a esta tela. Se as arestas forem paralelas a ela então elas não terão pontos de fuga. Todas as demais arestas que não se enquadram nessa situação terão seus próprios pontos de fuga, ou seja, uma cena de complexidade média, poderá ter diversos pontos de fuga.
Muito bem! Seguindo agora com a Etapa 2.
2. Desenho linear dos detalhes.
Finalizada a etapa do desenho volumétrico você poderá fazer os detalhes necessários. Aqui você já deverá decidir se o acabamento do seu desenho terá linhas ou será somente finalizado com pintura. Neste caso usei a linha como principal recurso gráfico definidor das formas. Neste momento é importante observar que a base geométrica é a orientadora dos detalhes, mas não há obrigação de ficar preso a ela. Você poderá fazer ajustes, correções e acrescentar objetos a sua cena. Perceba que as chances de cometer um erro diminuem bastante pois o universo está limitado. Cada árvore, por exemplo, já tem seu volume marcado e desta forma fica mais difícil errar nas proporções, na perspectiva ou nas formas uma vez que você estará trabalhando dentro da área previamente definida. O mesmo se aplica aos demais elementos.
3. Acabamento final.
Aqui você definirá as sombras próprias, sombras projetadas e, se for o caso, a pintura. Mais uma vez as etapas anteriores te ajudarão bastante. Se suas decisões anteriores estiverem corretas então aqui seu foco será somente na arte-final. É bom deixar claro que o acabamento final pode variar de acordo com os materiais e preferências de cada desenhista. A sequência mostrada aqui se mostrou bastante adequada à realidade dos instrumentos digitais supracitados, mas a quantidade de etapas e como elas se relacionam variam de acordo com cada artista e com cada material e técnica utilizados. Dependendo da situação as sombras, por exemplo, podem ser aplicadas após as cores ou simultaneamente a elas. Em outros casos os estudos tonais são feitos separadamente para servirem como referência para a aplicação de aquarela, tinta óleo, guache etc.
É isso! Espero que as dicas tenham ajudado.